Descubra a ciência por trás da sua irritação com barulhos de mastigação, respiração e clique de caneta – e aprenda estratégias práticas para aliviar esse incômodo que afeta milhões.
Você já se incomodou profundamente com alguém mastigando ao seu lado?
Imagine isso: você está em um café, tentando relaxar, mas o som de alguém mastigando batata frita faz seus punhos se cerrarem. Ou talvez seja o colega de trabalho clicando a caneta sem parar, e você sente uma vontade irresistível de gritar. Esses sons, que passam despercebidos por muitos, podem ser como unhas arranhando um quadro-negro para você. Se isso ressoa, você pode estar enfrentando a misofonia – uma condição neurológica que transforma ruídos do dia a dia em gatilhos de raiva, ansiedade ou até repulsa.
Estudos sugerem que cerca de 20% da população experimenta algum grau de misofonia, mas a maioria nunca ouviu falar do termo. Muitos pensam que é “exagero” ou “falta de paciência”. A verdade? Seu cérebro está literalmente programado para reagir de forma diferente a esses sons. Não é sua culpa, e há maneiras de aliviar o impacto.
Neste guia definitivo, você vai descobrir:
- O que é misofonia e por que ela acontece.
- Quais sons são os maiores vilões para misofônicos.
- Como a condição afeta sua vida social, trabalho e relacionamentos.
- Estratégias práticas para controlar os sintomas no dia a dia.
- Quando buscar ajuda profissional e o que esperar.
Se você já saiu correndo de uma mesa de jantar por causa de alguém mastigando, continue lendo. Este artigo é seu mapa para entender e controlar a misofonia.

Afinal, o que é misofonia?
Misofonia, do grego “ódio a sons”, é uma condição neurológica caracterizada por reações emocionais intensas a ruídos específicos, como raiva, ansiedade ou nojo. Não se trata de apenas “não gostar” de um barulho – é uma resposta automática e visceral que parece impossível de controlar. Para quem tem misofonia, um som como o de uma respiração ofegante pode ser tão perturbador quanto uma sirene de alarme.
Não é frescura – a ciência explica
Pesquisas recentes, como um estudo de 2017 da Universidade de Newcastle publicado na Current Biology, mostram que pessoas com misofonia têm hiperatividade no córtex insular anterior, uma área do cérebro que conecta estímulos sensoriais às emoções.
Quando você ouve um som gatilho, seu cérebro o interpreta como uma ameaça, acionando o modo “luta ou fuga”. É como se seu sistema nervoso estivesse gritando: “Saia daí agora!”
Por exemplo:
- Uma pessoa sem misofonia pode ignorar o som de alguém comendo pipoca.
- Para um misofônico, esse mesmo som pode desencadear uma onda de adrenalina, como se fosse um perigo iminente.
Essa reação não é só mental. Muitos relatam sintomas físicos, como coração acelerado, suor nas mãos ou tensão muscular. E o pior? A culpa que vem depois, por sentir que “deveria” lidar melhor com algo tão “bobo”.
Por que alguns sons causam tanta irritação?
A misofonia não é apenas sobre barulhos irritantes – é sobre como seu cérebro processa esses sons de maneira única. A condição está ligada a uma hiperconexão entre diferentes sistemas cerebrais, que amplifica a percepção de certos ruídos e os associa a emoções negativas.
O gatilho da raiva instantânea
A neurocientista Sukhbinder Kumar, principal autora do estudo de Newcastle, explica que a misofonia ocorre devido a uma conexão anormal entre:
- O sistema auditivo, responsável por captar sons.
- O sistema límbico, que regula emoções como raiva, medo e ansiedade.
Essa conexão faz com que sons repetitivos ou específicos – como mastigação ou clique de caneta – sejam processados como sinais de alerta, desencadeando uma resposta emocional desproporcional. Curiosamente, os gatilhos variam entre indivíduos, mas alguns sons são notoriamente problemáticos.
Os sons mais odiados pelos misofônicos
Uma pesquisa publicada no Journal of Clinical Psychology listou os ruídos mais comuns que irritam pessoas com misofonia:
- Mastigação (especialmente com a boca aberta).
- Respiração ofegante ou roncos nasais.
- Clique de caneta ou digitação alta.
- Tique-taque de relógio ou sons rítmicos.
- Sorvidas (como tomar sopa, café ou chá).
- Estalar chiclete ou chupar bala.
Curiosidade científica: Para alguns, até sons sutis, como o roçar de roupas ou o farfalhar de papéis, podem ser gatilhos. Isso acontece porque a misofonia não depende do volume, mas da repetitividade, contexto ou até da pessoa que produz o som (ex.: sons de familiares podem ser mais irritantes).
📌 Qual som mais te tira do sério? Conta nos comentários e veja se outros leitores compartilham sua experiência!
Como a misofonia impacta sua vida?
Além da irritação imediata, a misofonia pode transformar sua rotina, relacionamentos e bem-estar. Muitas pessoas evitam situações sociais ou profissionais para escapar de gatilhos, o que pode levar ao isolamento ou mal-entendidos.
Misofonia no trabalho
Ambientes de escritório são campos minados para misofônicos. Digitação constante, colegas comendo lanches ou tossindo, ou até o zumbido de um ar-condicionado podem tornar o foco impossível. Um estudo da Universidade de Amsterdã revelou que 30% das pessoas com misofonia têm dificuldade de concentração no trabalho devido a ruídos ambientais. Alguns recorrem a fones de ouvido, mas nem sempre isso é suficiente.
Misofonia em relacionamentos
Já imaginou discutir com seu parceiro porque ele respira alto enquanto dorme? Para misofônicos, isso é real. Sons de pessoas próximas, como familiares ou cônjuges, muitas vezes amplificam a irritação, porque há uma carga emocional envolvida. A chave está na comunicação: explicar a condição e buscar soluções juntos, como ajustar o ambiente ou usar ruído branco.
Uma história real
Carolina, 29 anos, compartilha: “Eu evitava jantar com minha família porque o som de mastigação me fazia querer gritar. Achava que era louca até descobrir a misofonia. Hoje, uso fones com música suave durante as refeições e consigo aproveitar esses momentos. Explicar para minha família também ajudou – eles agora entendem que não é pessoal.”
Será que você tem misofonia?
Identificar a misofonia é o primeiro passo para gerenciá-la. Embora apenas um profissional possa oferecer um diagnóstico formal, alguns sinais são claros indicadores.
Sintomas comuns da misofonia
Você pode ter misofonia se apresenta 3 ou mais destes sintomas:
- Reações físicas intensas (coração acelerado, suor, tensão muscular).
- Raiva ou ansiedade desproporcional a sons específicos.
- Vontade de fugir ou reagir agressivamente a ruídos.
- Evitar eventos sociais, como jantares ou reuniões, por medo de gatilhos.
- Dificuldade de concentração em ambientes com sons repetitivos.
Teste rápido: Esses sons te incomodam?
Responda mentalmente:
- ✅ Você já saiu de uma sala por causa do som de alguém mastigando?
- ✅ Barulhos de respiração te deixam agitado ou ansioso?
- ✅ Sons repetitivos, como clique de caneta, destroem seu foco?
Se você respondeu “sim” a duas ou mais perguntas, há uma boa chance de ter misofonia. Para uma avaliação mais detalhada, confira nosso quiz interativo no final deste artigo.

Como lidar com a misofonia no dia a dia
A misofonia não tem cura, mas existem estratégias comprovadas para reduzir seu impacto. Aqui estão as melhores abordagens, baseadas em estudos e experiências de quem convive com a condição.
1. Técnicas de relaxamento
Controlar a resposta emocional é essencial para “desarmar” os gatilhos. Experimente:
- Respiração 4-7-8: Inspire por 4 segundos, segure por 7, expire por 8. Repita 4 vezes para acalmar o sistema nervoso.
- Mindfulness: Pratique a atenção plena para redirecionar o foco dos sons gatilhos. Apps como Headspace ou Calm oferecem meditações guiadas.
- Visualização: Imagine um lugar tranquilo (como uma praia) quando ouvir um gatilho, ajudando a dissociar o som da raiva.
2. Tecnologia a seu favor
Equipamentos de áudio podem ser verdadeiros salva-vidas:
- Fones com cancelamento de ruído: Modelos como Bose QuietComfort ou Sony WH-1000XM5 bloqueiam sons ambientes com eficiência.
- Ruído branco: Apps como myNoise ou Noisli criam sons suaves (chuva, ondas, vento) que mascaram gatilhos.
- Música ambiente: Playlists instrumentais ou lo-fi podem ajudar a manter o foco em ambientes barulhentos.
3. Ajustes no ambiente
Pequenas mudanças ao seu redor ajudam e contribui significativamente:
- Escolha assentos estratégicos em restaurantes ou reuniões (longe de áreas barulhentas).
- Converse com colegas ou familiares sobre seus gatilhos, pedindo colaboração (ex.: evitar comer perto de você).
- Crie uma “zona segura” em casa, com isolamento acústico, tapetes ou cortinas pesadas para abafar ruídos.
4. Terapia profissional
Se a misofonia interfere significativamente na sua vida, buscar ajuda profissional pode ser transformador:
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Ajuda a reprogramar a resposta cerebral aos sons gatilhos, reduzindo a intensidade das reações.
- Terapia de Reprocessamento Sonoro: Técnicas como a Tinnitus Retraining Therapy (TRT) estão sendo adaptadas para misofonia, com resultados promissores.
- Consulta neurológica: Um neurologista pode investigar condições associadas, como TDAH, ansiedade ou transtorno obsessivo-compulsivo, que às vezes coexistem com misofonia.
5. Conexão com a comunidade
Você não está sozinho. Grupos online, como a Misophonia Association ou fóruns no Reddit (ex.: r/misophonia), conectam pessoas que compartilham experiências e dicas práticas. Ler histórias de outros misofônicos pode aliviar a sensação de isolamento e oferecer novas ideias para lidar com a condição.
6. Educação e conscientização
Explicar a misofonia para amigos, familiares ou colegas pode reduzir mal-entendidos. Por exemplo, dizer: “Eu tenho uma condição chamada misofonia, que me faz reagir fortemente a certos sons. Não é pessoal, mas posso precisar de algumas adaptações.” Essa abordagem promove empatia e colaboração.
Dica extra: Considere criar um “kit de sobrevivência” para situações desafiadoras, como viagens ou eventos sociais. Inclua fones de ouvido, um aplicativo de ruído branco e até uma nota explicando a misofonia para compartilhar, se necessário.
Misofonia em contextos específicos
A misofonia não afeta todos da mesma forma, e certos contextos podem amplificar os desafios. Aqui estão alguns cenários comuns e como enfrentá-los:
Em casa
Conviver com familiares pode ser difícil, especialmente se eles produzem sons gatilhos sem perceber. Tente:
- Estabelecer “horários silenciosos” para refeições ou momentos de foco.
- Usar divisórias ou móveis para criar barreiras acústicas.
- Investir em eletrodomésticos silenciosos (ex.: liquidificadores ou ventiladores de baixo ruído).
Na escola ou universidade
Aulas lotadas, colegas comendo ou mexendo em materiais podem ser um pesadelo. Soluções incluem:
- Pedir para sentar em locais menos barulhentos (ex.: perto da janela).
- Usar protetores auriculares discretos, como Loop Earplugs, que reduzem ruídos sem bloquear a voz do professor.
- Conversar com professores sobre a condição, se necessário, para ajustes.
Em transporte público
Ônibus, metrôs e aviões são cheios de gatilhos, como pessoas comendo ou falando alto. Leve sempre:
- Fones com cancelamento de ruído.
- Uma playlist ou podcast para desviar o foco.
- Um livro ou jogo no celular para distração visual.
Quando a misofonia é mais do que parece?
Em alguns casos, a misofonia pode estar associada a outras condições, como:
- Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): A hipersensibilidade a sons pode ser amplificada por um estado de alerta constante.
- TDAH: A dificuldade de filtrar estímulos auditivos é comum em pessoas com TDAH.
- Autismo: Algumas pessoas no espectro autista relatam sensibilidades sonoras semelhantes.
Se você suspeita de uma condição coexistente, um psicólogo ou neurologista pode ajudar a esclarecer o quadro e recomendar tratamentos integrados.

Misofonia não é culpa sua – e há solução
Se sons como mastigação, respiração ou cliques te levam à loucura, saiba que você não está exagerando. A misofonia é uma condição neurológica real, e milhões de pessoas enfrentam o mesmo desafio.
A boa notícia? Com as estratégias certas – de técnicas de relaxamento a ajustes no ambiente e apoio profissional – você pode reduzir o impacto dos gatilhos e viver com mais leveza.
O que fazer agora?
- Experimente uma das dicas práticas hoje, como a respiração 4-7-8 ou um app de ruído branco.
- Converse com alguém de confiança sobre sua experiência com misofonia.
- Compartilhe este artigo com amigos ou familiares para aumentar a conscientização sobre essa condição invisível.
📢 Qual estratégia você vai testar primeiro? Conta nos comentários e inspire outros leitores!
E não esqueça de conferir o quiz abaixo para avaliar seus sintomas.
Quiz: Você Tem Misofonia?
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Nossa, que explicação clara e empática! É incrível como algo tão comum pode afetar profundamente o bem-estar de algumas pessoas. Falar sobre a misofonia com acolhimento assim faz toda a diferença, informação que alivia e acolhe ao mesmo tempo.
Pelo teste, não tenho misofonia… mas alguns sons me irritam muito, como mastigação e ronco! kkk
Está explicado porque eu não gosto de som de mastigação hahaha tenho pavor